quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Our war.

weheartit


- Então... É isso? - ela perguntou, com a voz embargada.
Eu preferi o silêncio como resposta. Puxei-a para perto de mim e abracei-a. 
- Saia! - ela gritava, enquanto tentava se desvencilhar dos meus braços.
- Vou sentir sua falta. - depositei um beijo na testa dela, peguei minha camisa no chão, vesti-a e saí do seu apartamento. Não sem ouvir, como sempre, o estilhaço de algo se quebrando contra a porta e vários gritos descontrolados. 
Não me pergunte como eu gostava daquilo... Daquela situação, dos gritos, tapas, brigas. Eu só... gostava. Ela era sempre tão receptiva comigo, até que me expulsava de onde quer que estivéssemos, mesmo que o lugar nem fosse dela; os joguinhos sexuais, as brincadeiras com um fundo de verdade, eu adorava aquilo tudo. Só não conseguia entender o motivo. 
Quando começamos a namorar, de fato, não percebemos. As coisas ficaram sérias e as visitas e o tempo que passávamos juntos aumentaram de forma gritante. As "práticas" de reconciliação, também. 
Acontece que em alguns dias eu só queria um colo para me deitar, um carinho, um beijo sem terminar em sexo imediatamente. Não me chame de louco, mas eu queria amor. E algo em mim dizia que aquilo que eu vivia não tinha nenhum pouco de amor. 

Resolvi dar um fim à situação quando vi um casal caminhando de mãos dadas pelo parque, com olhares sonhadores; notei que eles não estavam parecendo dois gatos brigando, e ainda assim estavam felizes.
"Mas as pessoas são diferentes", ela me dizia sempre que eu tentava dar algum sentimento ao que fazíamos. 
Ela estava certa. As pessoas são diferentes, mesmo. E eu notei que eu não era diferente, eu só queria ser. 

No meu caminho de volta para casa, percebi que não havia nenhuma lágrima nos olhos quando terminei tudo. Nem nos meus, nem nos dela. O que seria aquilo, afinal? Éramos só mais duas pessoas buscando distração no outro, nos usando seria a expressão mais correta. Eu sempre fui meio "sem dona", perdão pela expressão. Nunca gostei de me sentir preso a garota alguma, e sempre que ela começava a dar sinais de controle, me afastava de forma brusca. 
Com ela não havia uma pessoa controlando. Os dois sentiam o gostinho de ter o outro na palma da mão, e abusavam disso, um de cada vez. Mas cansa, e agora eu precisava de algo concreto. Alguma garota que pudesse apresentar para os meus pais; sair com alguém que não pirasse sempre que eu dissesse que queria sair de dentro do apartamento, ver pessoas e conversar com elas. 

Aquilo estava insuportável.

Não faziam quinze minutos que eu havia saído, e já estava de volta.
Assim que me viu, sorriu triunfante.
- Eu sabia. - me puxou para dentro do apartamento e começamos todos os jogos de novo. 
E, ao fim, eu já não queria mais. De novo.

Saí de maneira brusca, sem qualquer sutileza ou educação. 
Mas eu voltaria, e ela tornaria a me deixar entrar. 
Eu tinha certeza de que seria perdoado.
E ela tinha certeza de que me tinha nas mãos.

Por Luiza Mariana.

Projeto Bloínquês, 102ª conto/história. 


The walls that you
Helped me take down
Are only getting taller now
And I've even forgotten how
To stand on my
Two feet

I wanna say 'I'm on my own'
And happier to be alone
But everything I do alone
Has every bit of you


Neon Trees - Our War

Um comentário:

  1. oii
    tava vendo outros Blogs e encontrei o seu
    gostei muito daqui
    o conteúdo é ótimo
    estou te seguindo
    me visita e segue se gostar?!

    http://rgqueen.blogspot.com/

    beijos

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Muito obrigada pela visita e pelo comentário, continue lendo! ♥

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